top of page

Poema: Vila Rica - Olavo Bilac

VILA RICA [soneto]

Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac



O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;

Sangram, em laivos de ouro, as minas, que ambição

Na torturada entranha abriu da terra nobre:

E cada cicatriz brilha como um brasão.


O ângelus plange ao longe em doloroso dobre,

O último ouro do sol morre na cerração.

E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,

O crepúsculo cai como uma extrema-unção.


Agora, para além do cerro, o céu parece

Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu...

A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,


Como uma procissão espectral que se move...

Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...

Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.


 

Se encerra a primeira semana de poesia, inaugurada com Olavo Bilac. O próximo poeta será Carlos Drummond de Andrade. Não perca nossas poesias diárias e seleções semanais de autores.

 

O Coluna Erudita Blog está inaugurando as semanas de poesia.

Toda semana escolheremos um autor e publicaremos um dos seus poemas diariamente de domingo a sábado.

Quer ser um autor selecionado? Acesse aqui e nos contate.

Comments


Registre-se no nosso site  (Newsletter)

Obrigado pelo envio!

bottom of page